Rabo de Saia

Os factos aqui contidos são reais e qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência.

 

sexta-feira, outubro 28, 2005

Não é o tamanho que importa ...

O que eu diria à minha irmã se fosse gajo:
- Ontem sonhei com as tuas mamas. Foi um sonho curto, portanto.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Morte aos jornalistas

Portanto, caro/a indignado/a, não se preocupe assim tanto com a informação que consome, nem deixe de dormir à noite porque nos pagam metade das consultas médicas. Porque afinal de contas, todos os dias damos notícias a dizer que é escandaloso fazerem certas e determinadas coisas a certas e determinadas pessoas quando somos nós a sofrer também na pele esses problemas.

Não faz o meu género limitar-me a subscrever mas não resisti a esta posta. Pronto, a injustiça é fodida, mas o que me atriu mesmo foi o charme do ataque de mau feitio da nossa amiga Rita. És pouco gira, és!

Vai uma ...

... espetadinha de fruta?

Da laranja não gosto e vou pondo de lado, mas as uvas, a meloa e a papaia estão divinas. Assim se vive mais uma tarde de trabalho no reino dos bem vestidos. Ora, puxe lá mais uma chaise longue. Isso.

Vivam os mocassins e os betos

com que então o cor de rosinha(Aqui uma divisão científica da sociedade por especimens)

Sempre me foi difícil manter a fidelidade canina que os clãs, as tribos e outros grupos de referência para mentecaptos costumam exigir. Abro duas excepções.

Primeira. Gosto de estar num grupinho de gajas para dizer mal de outras gajas. Até por uma razão prática: se houver porrada não tenho de depender da minha fraca figura.

Segunda. Gosto do lobbying para fins profissionais.

Tempos houve em que agonizei aprisionada no meu estilo naturalmente a tender para o beto. Os alternativos que me rodeavam tentavam – com mais ou menos carinho – converter-me à sua causa. A sua tenacidade era apenas igualável à das testemunhas de Jeová.

Cega pela pressão de grupo e pela tenra idade, tempos houve em que tentei lutar contra a minha natureza beta. Em vão. Quando muito consegui atenuar alguns hábitos de indumentária como os mocassins.

Cheguei a acreditar na nobreza das suas intenções, mas, tal como na política, uma minoria dá-se ao luxo da apologia à demagogia apenas até ganhar o lugar dominante. Aí, larga a demagogia a um canto como uma boneca velha a que até já falta um olho, para passar a cometer os mesmo erros e excessos que a classe dominante anterior. Agora sem os mocassins.

Ora, se aquilo que os meus amigos alternativos mais criticavam nos betos era o espírito fechado e a falta de capacidade de aceitação da diferença, não me pareceu nada bem ver os alternativos aviarem caminho pelo trilho da ostracização.

Ora vamos lá esclarecer uma coisa, o conceito de tribo surge como “forma de organização de pequenas sociedades”, de forma a que, com os papéis sociais bem definidos, se assegurasse a sua sobrevivência. Meus amigos: detesto ser eu a dar-vos esta notícia, mas a nossa sobrevivência já não está em risco.

E como pior do que uma beta, só uma beta a armar ao alternativo, hoje sou uma beta assumida e resignada.

terça-feira, outubro 25, 2005

Não sei vá, não sei se fique

não são precisos luxos
O meu horóscopo de hoje diz: “Continue a descartar-se de tudo aquilo de que não precisa. A sua vida pode tornar-se muito mais simples e agradável.”

Eu não sou de grandes esoterismos mas ele há dias em que uma gaja agradece toda e qualquer orientação. Aliás, este é o mote ideal para me questionar: preciso mesmo de voltar a trabalhar? preciso de mais aquele casaco de carneira? preciso mesmo de me conter e não mandar toda a gente p’rá puta que os pariu?

Ele há dias em que uma gaja parece que está cá a mais. Os carros apitam, como sempre, à porta de minha casa logo pela manhã. Uma gaja entra no cubículo do Multibanco a fumar. Um manfio rouba-me descaradamente o lugar de estacionamento. O Tiago tem ensaio e chega às tantas.

E foi entre remelas de sono que lhe perguntei se não me levava para uma casinha de madeira ao pé da praia. Onde não fosse preciso ser culta. Onde não fosse preciso ser gira. Onde não fosse preciso ser uma profissional realizada. Onde a vida fosse “simples e agradável”. Onde me pudesse “descartar de tudo o que não preciso”. Mesmo do tal casaco novo de carneira, ali mesmo na esquina ao fundo da minha rua.

O défice ainda vá lá que não vá. Agora, este é um dia em que nem para almoçar vou sair daqui. Em que fico a saber que os “Delfins compõem hino do Sporting”. Em que recebo o extracto do cartão de crédito. Em que parto uma unha e em que a minha comadre me liga só porque se enganou no número.

E é que agora já nem acredito que o Alf existe mesmo para ansiar que repare finalmente a sua nave espacial para daqui zarparmos rumo a uma galáxia onde se comem gatos e se snifa algodão.

Restam-me as fatias do bolo de chocolate da minha sogra; os pontapés deste desgraçado que me lembra a toda a hora que vou ser mãe mais uma vez; as postas caústicas de outros bloggers; o sol que está a secar a minha roupa as we speak; o facto do Tiago hoje jantar em casa. E, bem vistas as coisas, já não é nada mau.

Pessoas

Pessoas inteligentes falam sobre ideias;
Pessoas comuns falam sobre coisas;
Pessoas medíocres falam sobre pessoas.


Espero bem que isto só se aplique à vida profissional, senão acabo de levar uma boa "bufatada". E sem luva.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Ainda no supermercado

Um tipo está na fila da caixa no supermercado - uma das tais onde estão todos com as compras do mês - quando repara numa louraça que lhe faz sinais com a mão e lhe lança um sorriso 'daqueles'.

Ele deixa por momentos o carrinho das compras na fila, dirige-se à louraça e diz-lhe:
- Desculpe, será que não nos conhecemos?
- Pode ser que eu esteja enganada, mas penso que o senhor é o pai de uma das minhas crianças ...

O tipo põe-se imediatamente a vasculhar na memória e pensa na única vez em que foi infiel à esposa, perguntando de imediato à louraça:
- Ena pá, c'um caraças, não me diga que você é aquela stripper que eu comi sobre uma mesa de bilhar, diante de todos os meus amigos, numa noite bem bebida, enquanto uma das suas amigas me flagelou o tempo todo com uns nabos molhados e me enfiou um pepino pelo cú acima?
- Bem, não - responde ela - eu sou a nova professora do seu filho...

Supermercado for dummies

onde estão as promoções?Uns passam pela Caixa até dez itens. Outros suam nas outras filas intermináveis das “compras do mês”.

As caixas prioritárias são um engodo. Os empregados não têm qualquer atenção às regras das prioridades e os ‘não prioritários’ que por ali andam ignoram-nas descaradamente. Ou seja, na verdade, os xicus espertus são os únicos que verdadeiramente beneficiam delas.

Eu? Bem, eu mando vir pela Internet, pago com cartão de crédito e mando entregar quando a empregada está lá em casa.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ready or not, here I come

e vai abaixo!Finda mais uma semana a arrear no lombo que nem gente grande, urge um fim-de-semana de excessos. Mas como boa virginiana, até os excessos são planeados. Vai daí, fiz uma lista para não me escapar nada:

- Badalhocar-me todinha nas poças de lama, na Lagoa de Albufeira, que está sempre despovoada no Inverno, reduzindo as chances de alguém me reconhecer. Calçar as galochas mais ridiculamente coloridas que conseguir encontrar na arrecadação.

- enfiar finalmente o nariz nos baús de tralha da Beatriz, reviver 7 anos de casamento falhado, para daí retirar algumas peças para reciclar para o bebé a caminho. Qualquer dia o puto nasce e nem um par de cuecas tem preparado.

- ter uma overdose de tofu num restaurante vegetariano, no Princípe Real, que ando para experimentar desde os tempos em que ainda conseguia baixar-me no banho para apanhar o sabonete.

- enfrascar-me com cocktails sem álcool e pedir ao barman do Pavilhão Chinês que lhe espete uma azeitona verde, como se se tratasse de um valente dry martini.

- mergulhar na epopeia dramática daquele último livro que o Tiagão me deu (Rainhas Trágicas)

- embonecar-me até à exaustão com as toneladas de maquilhagem nova que encomendei e que sei que não devia ter comprado porque o dinheiro não estica e blá, blá, blá ... e a crise e o Salazar e por aí fora.

Na segunda:"O quê? Eu? Nesse sítio? A essa hora? A fazer o quê? ... não, não era eu. Ter-me-á confundido com outra pessoa concerteza." Conto apresentar-me novamente ao serviço como se nada fosse.

Linhas editoriais

ai chega, chega, chega, chega a minha agulhaAndam para aí a dizer que este blog não tem linha editorial. Que é sério demais. Alguém mais ousado arriscou mesmo ser mais claro: -“ora temos a Filipa mãe de família, ora temos a Filipa tal como ela é”.

Isto transtorna-me porque sugere que:
1) não sou naturalmente maternal;
2) poderei, eventualmente, ser esquizofrénica.

Convém explicar que o autor deste comentário é do sexo masculino. O que explica muita coisa. Todos sabemos que o cérebro dos homens é diferente dos das mulheres, sendo que este último nos permite desempenhar vários papéis em simultâneo, na sociedade.

Já o homem só consegue ora coçar os tomates; ora queimar o arroz do jantar; ora cortar as unhas dos pés no sofá da sala. Uma coisa de cada vez. Está provado cientificamente.

Portanto, a "Filipa mãe de família" pedir-lhe-ia que voltasse numa altura mais oportuna. A "Filipa tal como ela é" mandá-lo-ia pr’á puta que o pariu.

Pelo menos temos tema para mais este um post. E fez-se luz. Porque ainda não me tinha dado conta de nenhuma diferença realmente marcante entre os blogs das mulheres e os blogs dos homens.

Helas. Nos dos homens, encontro perfis coerentes. Nos das mulheres encontro a mulher mãe, a mulher profissional, a mulher aputalhada e tantas outras. Enfim, toda aquela panóplia de vivências que nos torna o máximo.

Posto isto, do que era mesmo que eu estava a falar? Ah, sim ... a linha editorial. Pois é. Temos pena. Não há.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Manual da grávida

Vantagens e desvantagens da gravidez (Um manual prático e de utilidade duvidosa para a futura mamã, com prefácio de Britney Spears)

Estás a pensar aventurar-te no maravilhoso mundo da maternidade, mas tem dúvidas?
Não vás nas conversas tingidas a cor-de-rosa e a cheirar a patcholi de amigos e familiares. Mas também não negues à partida uma ciência que desconheces. Sê realista e pesa bem os prós e os contras. Ó p’ra mim.

Desvantagens de estar grávida: Aumento de peso, necessidade de tomar medicamentos nojentos, visitas frequentes ao médico, remodelações em casa etc, etc, etc ....

Vantagens de estar grávida: Chantagem, tráfego de influências e abuso de poder com a absoluta garantia de completa impunidade (juro que cheguei a pensar que a Fátima Felgueiras estava grávida)

A minha esteticista diz que se os conselhos valessem alguma coisa não se davam, vendiam-se. Por isso, olha, tu é que sabes.

(Não percas a próxima edição em Janeiro: Vantagens e desvantagens da maternidade – um manual cheio de dicas para mulheres desesperadas com um bébé nos braços)

Vozes do Além

(porque os homens também têm voz neste blog)

cala a gaja

Novo cinto de segurança reduz em 45% o número de acidentes

quarta-feira, outubro 19, 2005

INPUTos - Prefiro as mais velhas

trintona bem giraçaPrefiro as mais velhas
Por Andy Rooney

(apresentador do "60 Minutes" na CBS)

À medida que vou envelhecendo, valorizo cada vez mais uma mulher com mais de 30 anos. Estas são apenas algumas das razões porque o faço:

- ela nunca te acordará a meio da noite para perguntar "Em que é que estás a pensar?". Ela não se importa com o que tu pensas.

- se ela não quer ver o jogo de futebol, não se senta a teu lado a lamentar-se. Faz alguma coisa que queira fazer e, geralmente, é algo mais interessante.

- ela conhece-se suficientemente bem a si própria para estar certa de quem é, o que quer e de quem o quer. Poucas mulheres com mais de 30 anos ligam alguma ao que tu possas estar a pensar sobre ela ou sobre o que ela está a fazer.

- ela tem dignidade. Raramente terá uma discussão aos gritos contigo na ópera ou no meio de um restaurante chique. No entanto, se tu mereceres, não hesitará em dar-te um tiro.

- ela é generosa nos elogios, muitas vezes não merecidos, porque sabe o que é não ser apreciado.

- ela tem segurança suficiente para te apresentar às amigas. Uma mulher mais nova acompanhada de um homem ignora frequentemente até a melhor amiga porque não confia no homem perto de outra mulher.

- ela 30 fica bem com um batom vermelho brilhante. O mesmo não se aplica às mulheres mais novas.

- ela é correcta e honesta. Diz-te imediatamente que és um idiota se te estiveres a comportar como tal. Nunca tens que tentar adivinhar em que pé estão as coisas entre vocês.

Nós elogiamos a mulher com mais de 30 por várias razões. Infelizmente, não é recíproco. Por cada trintona gira, inteligente, segura e sexy existe um careca, barrigudo, em calças amarelas a fazer figura de parvo com uma empregada de mesa de 22 anos...

INPUTas - Conversa de velha

cerveja faz barrigaConversa de velha
Por Carla Bernardino

Sinto-me envelhecer a uma velocidade estonteante e só tenho 26 anos. Isto é perigosíssimo porque, por um lado, falta-me o vigor e preciso de mais tempo de férias. Por outro, cansa-me pensar (só pensar) sobre os anos que ainda têm de passar por mim. As horas que ainda vão ter que percorrer o meu corpo, as manhãs que vou ter que enfrentar…

Ontem decidi ir para os copos com um amigo que já não via há muito. A conversa foi muito agradável e as três bohemias também. Até achei graça ao facto de me deitar às cinco da manhã. Estava era longe de imaginar o dia seguinte.

Embora não estivesse com dores de cabeça, tive sérios problemas em alinhar pensamentos matinais simples como toalha – chinelos – banho – roupa interior. Foi um drama fazer disso uma sequência (que costumava existir). Da maneira que estava esta manhã, acredito que me terei esquecido de lavar a parte de trás das orelhas enquanto estava no banho.

Horas depois continuava a tentar alinhar pensamentos e eles brotavam dispersos e sem nexo.

Mas o drama da velhice não termina por aqui. Senti as pernas fraquejar ante o grande desafio de subir três míseras escadas… senti cãibras nos dedos só de pensar no trabalho que tinha para fazer… até falta de apetite tinha. É uma ressaca, não tenho dúvidas. Mas de quê? Álcool? Por causa de três bohémias?

Eu devia ter percebido ontem à noite que estava a caminhar a passos largos para o envelhecimento insalubre. Durante a conversa tive até uma dica muito relevante, à qual não atribuí grande crédito. Em conversa com o meu amigo, identifiquei em mim um preconceito. Até podiam ser cabelos brancos, rugas de expressão, mas preconceito?! Já não há dúvidas. O diagnóstico é mesmo esse: velhice precoce…

Snif… se pelo menos esta decadência física se fizesse acompanhar da sabedoria típica dos anciãos.

INPUTas & INPUTos

INPUTas & INPUTosINPUTas & INPUTos é o nome da rubrica que estreamos hoje. Aqui daremos protagonismo a amigalhaços ou graxa a outros infelizes. É só enviar textos inteligentes ou simplesmente porcos para o email do Rabo de Saia.

E nós publicamos. Ou não. Sem explicações nem qualquer direito à privacidade ou ao sigilo. Desagradável? Talvez. Mas estamos em casa e fazemos o que queremos.

Mas amor também é ...

irra que a gaja é chata... preparar copinhos de ácido fólico e de magnésio todos os dias, juntando-lhe água e açúcar, enquanto uma futura mamã muito mal agradecida vai dizendo palavras muito feias.

Amor é ...

... emborcar ácido fólico e ampolas de magnésio todos os dias em prol da saúde de um filho que ainda nem nasceu.

Mais uma tirada pequenina

as coisas que os putos dizemEntra a Beatriz pela sala adentro. Com uma mão vem a puxar as calças de pijama já meio vestidas. Com outra segura solenemente umas folhas de papel:

- Mãe, assina este teste de Estudo do Meio.
- “Excelente”. Linda menina. Deixa-me ver ... hmm ... “qual a diferença entre a Monarquia e a República?”. “Numa temos um Rei, noutra um Presidente”.
- Pois ... e está certo, vês?
- Sim, mas que mais me sabes dizer sobre isto?
- Hmm ... mais?
- Sim ... não há mais diferenças? Explica lá melhor.
- Ó mãe, na Monarquia, o Rei era Rei quer se portasse bem, quer não. Na Republica tem de se portar bem.
- Errr ... pois ... é isso mesmo.

Fiquei preocupada que os programas de ensino estejam, digamos que ... ligeeeeiramente desfasados da realidade.

Por fim, uma alegria na política

próximo Presidente da RepúblicaEu estou confiante num bom resultado de Manuel Alegre nas eleições presidenciais, sobretudo agora que foi proibido de usar meios do PS.

(Caricatura fanada aqui)

Tiradas pequeninas

as coisas que os putos dizemDiz-me a Beatriz à saída de casa, dando-se conta que vestimos a mesma côr:
- Olha mãe, o meu cor-de-laranja rima com o teu!

terça-feira, outubro 18, 2005

Uns versos tortos - "Não sou dessas"

vá, assoem lá

Não sou dessas ...


Não sou dessas que por aí andam, que choram por tudo e por nada.
Com pudor de amar. Com vergonha de odiar. Com medo de rimar.

Nunca gravei o nome de um cão numa chapinha pr’á coleira.
Nunca imprimi a foto de um filho numa mala de algodão.

Nunca escrevi o nome de um amor numa árvore centenária.
Nunca me fez pena vender um carro por problemas de motor.

Não sou dessas que apregoa a estes e àqueles ventos,
que a barriga já cresceu e os movimentos já vão lentos.

Mas também coro se me humilham, choro se me ignoram e sangro mesmo se me corto.

Até sou capaz de chorar com uma música piegas. Ou arrepender-me amargamente dos trilhos direitos que entorto.

Não sou dessas que se gaba que encontrou o seu Romeu,
que o seu é melhor que os outros, que fez e aconteceu.

Não sou dessas, pois não sou. E há quem me chame desbocada.
Rio com a boca toda. Falo para todos ouvirem. Amo de alma dissecada.

Não sou dessas, é verdade. É verdade que eu não minto.
Não sou dessas, mas cuidado. Também doo. Também sinto.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Outra Senhora dica:

olhá freguesa
Creme corrector de estrias Body Expertise L'Oréal pela módica quantia de 13 euros e mais uns trocos. Eu já comprei no Continente e no Carrefour.

Uma Senhora dica:

muita nuvem
Aproveitem para estender a roupa amanhã que parece que não chove.

Amor é ...

chulézinho
... pôr as meias de futebol dele para lavar.

O que me tira do sério é ...

23 euros na Imaginarium... ouvir dizer “os quatro cantos do mundo” quando estamos (uns mais do que outros) carecas de saber que a Terra é redonda.

Foi para isto que o navegador Fernão de Magalhães se fartou de suar? Foi? Foi para isto que comandou a frota espanhola na passagem pelo Ocidente rumo ao Oriente, em 1519.

Bem me parecia ... Peçam desculpa ao Sr. Vá lá.

Afinal não sonhei

a cara do jazzGozaram comigo quando disse que me parecia que o Nuno Rogeiro fazia agora um programa sobre jazz na rádio. Indignada, investiguei e cá está.

En garde vis seres que ousam colocar em xeque a minha imaculada reputação. Suplicai misericórdia ou decapitar-vos-ei. Qual espada, florete ou sabre. Qual Zorro ou Mosqueteiro que vos valha.

Enterrados os mortos, há que desmascarar aqueles que ouço por aí a gozar com o Nuno Rogeiro. “Ele é um bocado cagão” - dizem. Pessoalmente, admiro-o muito. Eu, por exemplo, só consigo pintar as unhas dos pés ou tirar pêlos das virilhas com a pinça. Uma coisa de cada vez. E isso limita-me, de certa forma.

Aposto que o Nuno Rogeiro é capaz de, simultaneamente, manejar uma daquelas complicadas escovas que se vendem na TV Shop para esticar o cabelo.

Além do mais, ele tem a “tarefa diária de compreender o país e o mundo”. E esse é um fardo pesado de carregar. O que só comprova que, para além de tudo mais, está em excelente forma física.

Quem tem unhas ...

a brasa do Pedro Madaleno... é que toca guitarra. Dizem-me os entendidos que tal não aplica à guitarra eléctrica, mas vou insistir em prol de um título brilhante.

Quem disser que Lisboa não tem agenda cultural merece ser severamente espancado e obrigado a caminhar sobre brasas quentes com um pneu a arder pendurado ao pescoço.

Eu própria corri o risco de sofrer tal suplício. Mas, este fim-de-semana, vi a luz. E não foi preciso ir a um túnel do metro nem a uma sessão da Igreja Universal do Reino de Deus.

Pelos vistos este espaço já existe desde o início do ano mas esta foi a minha primeira vez no Onda Jazz, onde o guitarrista Pedro Madaleno apresentou o seu 4º CD - Underpressure.

"Uma viagem alucinante ao mundo do jazz electrico-psicadelico, de suster a respiração"? O grupo mais sónico do meio jazzístico português? Não saberia dizer porque sou uma plebeia no que toca ao jazz, mas que aquilo tem um groove do caraças, isso tem.

Os quatro tocaram que se desunharam mas, acima de tudo, estavam giros de morrer. Com Pedro Madaleno, João Moreira rebentou no trompete, Miguel Amado arrasou no baixo e Vicki partiu na bateria.

Música aparte, continuo a achar que os jams de jazz teriam mais sucesso se houvesse mais gajos giros a frequentar. Eu dei o meu contributo este Sábado no que toca à elevação da representação feminina.

Obrigada primo por me abrires os olhos. Prometo não voltar a comprar os discos do Clemente.

E aos restantes: ide, ide e não se esqueçam de deixar uma mensagem à saída a dizer “o Miguel Amado é o maior”. Ponto de exclamação.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Megeras, pérolas, bombas e afins

as meninas juntaram-se todasEstou puta da vida. Encaro as sextas-feiras com uma suave rampa de lançamento para o fim-de-semana e não foi isso que aconteceu hoje.

A minha “to-do list” tinha: prenda da comadre, cabeleireiro, cuecas de grávida e é melhor parar por aqui.

Também queria, logo cedo, fazer um post de qualidade sobre o workshop de ontem na Almedina e enviar um mail simpático às meninas que tanto gostei de conhecer.

Esqueçam o mail, a qualidade do post e a prenda da comadre.

Em vez disso, passei o dia a arrastar a barriga por corredores e eventos, a escrever sobre tudo menos o que me apetece. Os astros alinharam-se para me lixar a vida, está visto.

Adiante. Ontem pus a preguiça de fim de tarde de lado e aventurei-me ao Saldanha para ouvir o que outras bloggers tinham a dizer sobre o espaço que as mulheres ocupam na blogosfera. Gostei.

Entre a incontinência da Megera, a inabilidade técnica da Miss Pearls e a timidez da Bomba inteligente, o charme foi uma constante. Acima de tudo não encontrei ali um gang – mais hermético do que um bom tupperware - possidónio e intelectualóide até mais não.

Isso chateou-me porque se assim fosse, este post seria muito mais interessante, acreditem.

A Vieira do Mar também deu o ar da sua graça, com as últimas do seu “site pornográfico” (ainda gostava de saber quem teve esse belo discernimento) e juntei uma cara à Luna do Crónicas das horas perdidas. Estava sentada apenas dois lugares ao lado do meu.

Fez lá falta a Rititi, mas eu tenho cá para mim que ela também sentiu a nossa falta.

Infelizmente tive de me arrancar de lá às 9 da noite, morta de fome, e com uma imensa vontade de espetar um repenicado beijo a todas.

Obrigada por um serão bem passado. Vemo-nos por aí, meninas!

Just a thought ...

caught in a moment"As you grow older, you'll discover that you have two hands: One for helping yourself, the second for helping others."
- Author Unknown (Attributed to Audrey Hepburn)

quinta-feira, outubro 13, 2005

Clivagens

bela clivagemSegue-se um comentário de um mulher inteligente e bonita (não está livre) que nos fez chegar uma reflexão sobre a clivagem (e não estou a falar de decotes) homem/ mulher.

Não resistimos a publicá-la, sob pena de a vir a desapontá-la com a leviandade e frequente mau gosto dos conteúdos deste blog.


Um blog femininista
Por Marisa Miraldo, em York

"Um blog femininista???", exclamei" quando vi Rabo de Saia escrito em rosa sobre rosa. Para dizer a verdade, em determinadas circunstâncias, considero depreciativo para as mulheres, uma data de acções e proclamações ditas feministas, proferidas em defesa das 3,208,723.0 mil mulheres no mundo.

Não por considerar terminada esta luta pela igualdade, mas por acreditar que a igualdade passa, não tanto por batalhas entre sexos, mas sim por uma afirmação na vida quotidiana das nossa capacidades e pleno exercício dos nossos direitos enquanto peões de uma sociedade igualitária.

No entanto, um pouco depois pensei que, efectivamente, talvez grande parte das mulheres – e em especial portuguesas (em que me incluo) – dividem-se em dois grandes grupos.

As que se consideram iguais e, como tal, para quem o assunto se traduz numas risadas como os amig♂s em competições de quem sabe mais palavras começadas por x, quem muda mais rapidamente um pneu ou quem não pode passar sem ir as compras.

Depois há as que consideram que o “femininismo” é uma aberração da sociedade porque cresceram e foram educadas num microcosmos patriarcal e, como tal, sempre que ousam pensar nas suas necessidades e direitos enquanto mulheres, e muitas das vezes, tristemente, enquanto pessoas dirigem-se ao padre do sitio em penitencia de modo a poderem continuar a sua vida com paz de espirito.

Em qualquer um dos hemisférios, a verdade é que um dos grandes problemas é a falta de informação.

Tanto para o primeiro hemisfério – pois não se esqueçam que se é verdade que “em terra de cegos quem tem um olho é rei” não quer dizer que quem tem um olho vê com perfeita nitidez. Como para o segundo.

Na minha opinião, informação (imparcial e correcta!) é um dos principais pilares para o desenvolvimento sustentável de uma sociedade democrática acabei por reavaliar o blog e acredito que poderá ser uma óptima fonte de progresso no que considero um dos debates mais interessantes que é o da reconciliação entre a igualdade de oportunidades e a simbiose entre sexos que felizmente são tão diferentes.

Eu só cá vim ver a bola

malinha bem giraEste post é um bocado despropositado. É que eu, hoje, vou tentar dar um saltinho a um workshop sobre "Blogues no feminino" e, entre os temas a abordar, estará "sobre que escrevem as mulheres na blogosfera".

A ideia é baralhar as teorias de que as gajas só falam de compras, dos filhos, dos gajos e das outras gajas, evitando temas realmente importantes como o futebol.

Cá vai: O Pauleta (aquele do queijo açoriano) bateu o record de golos marcados que antes pertencia ao Eusébio.

Foi o Tiagão que me contou. E ele é engenheiro. Sabe o que diz.

Já não vou prá SIC

este é o Francisco"Penim promete criação de «nova» SIC com pouco dinheiro"

COM POUCO DINHEIRO????? assim já não vou, obrigada.
Francisco, está tudo acabado entre nós.

Truly yours,
Assessora

quarta-feira, outubro 12, 2005

Tudo boas raparigas

"It's the good girls who keep diaries; the bad girls never have the time."

Partindo do pressuposto que um blog conta como um diário, que fique aqui registado para as gerações futuras, que eu sou uma boa rapariga.

Continuando a arrear no cego

(hoje é a vez dos queixumes dos enfermeiros)

enfermeira amuadaRecentemente aventurei-me a regressar a um hospital. Faço de tudo para evitar, mas uma virose da minha filha tornou tal medida inadiável. Preparei-me com bolachas, fruta, água e uma reserva de boa disposição para fazer face a horas intermináveis de espera, desconforto e maus-tratos.

Eno para as náuseas causadas por enfermeiras e auxiliares que há muito desistiram de melhorar os serviços que prestam aos milhares de utentes do SNS.

Não é preciso um estudo de uma qualquer consultora de renome para concluir que o SNS está, de facto, de má saúde.

E escusam de me vir com o argumento de que os médicos são os melhores, as tecnologias as mais avançadas e por aí fora. Nem só de requisitos técnicos se fazem os cuidados de saúde. Estes são frequentemente dissociados da noção de dignidade e carinho a que temos direito. Sobretudo quando estamos doentes e fragilizados.

Listas de espera? Excesso de fluxo de doentes? Organizem-se. O problema não é do contribuinte. Que desconta gordas fatias dos rendimentos mensais em impostos e deduções. Que cumpre a sua parte do acordo. Cumpram os Sres também a vossa.

E para muitos esta ideia aparece aliada a elitismo. Uma ova.

É verdade que só quem paga um sistema de saúde paralelo tem direito a tais serviços de saúde. Eu própria lhes acedo com um cartão a que a minha filha tem direito através do pai.

Fala-se deles como se de uma doença se tratasse. Mas se tivesse opção, trocaria anos de descontos para a segurança social por um desses maléficos sistemas de saúde paralelos.

Não posso. Sou obrigada aos ditos descontos para a segurança social, em troca dos quais se me disponibilizam serviços de saúde precários e vergonhosos, que tratam os utentes como carga. Só quem pode pagará um segundo sistema de saúde. Talvez eu não esteja a ver bem as coisas, mas a mim, isso sim, parece-me elitismo.

Eu conheço vários médicos, a minha mãe é enfermeira num centro de saúde e tenho possibilidades financeiras de recorrer a consultas privadas. Tudo atenuantes. Mesmo assim, desespero, exaspero. E pergunto-me: e quem não tem estas alternativas?

É claro que os hospitais de gestão privada ganham dinheiro com os utentes. E depois? Se é isso que os obriga a prestar um serviço de qualidade, não vejo que daí venha algum mal ao mundo.

Por isso, Sres governantes, fiquem com o vosso bendito SNS que ele não é digno de prestar cuidados de saúde nem ao meu cão.

Damos entrada numa maternidade e questionamo-nos se não teremos entrado numa vacaria por engano. Dirigimo-nos ao centro de saúde da nossa área de residência e ficamos sob a impressão de que estamos no sítio errado. Somos atendidos numa urgência de um hospital e tratados como se nos estivessem a fazer um favor. Tentamos inteirar-nos do estado de saúde de um ente querido mas ele escapa-nos como que engolido pelo bicho papão que é o emaranhado de regras, horários, médicos inacessíveis e más vontades.

No fundo, deveríamos envergonhar-nos de precisar de serviços médicos. No fundo, somos a pior escumalha à face da terra por nos quedarmos ali, em salas de espera bafientas e sobrelotadas, como que ousando desafiar o sistema a funcionar.

Por isso, desta vez, levei a minha filha à urgência pediátrica de um qualquer hospital privado. Sem cunhas, sem avisos prévios. Despachei-me em menos de uma hora, sai com um diagnóstico e uma receita. Mas, acima de tudo, sai com dignidade intacta. Pela minha saúde.

PS - estes grunhidos dispensáveis não se aplicam aquela senhora. ali. chama-se Teresa, é minha mãe e é a enfermeira mai linda do mundo.

terça-feira, outubro 11, 2005

Carta aberta ao serviço público

(um mimo em plena luta dos funcionários públicos)
funcionário público com a nova lei de aposentação
Este é mais um, entre tantos exemplos da forma desrespeitosa e abusiva como o serviço público trata o público neste lindíssimo país de extensa orla marítima e gentes calorosas. Sim, porque eu não sou das que olham o país natal de esguelha e repete até à exaustão a velha máxima do “lá fora é que se está bem”.

Passo a relatar:Estive ao serviço de um gabinete ministerial durante um curto período de tempo, findo o qual retomei a minha vida longe do serviço público.Tornados uns meses recebi uma carta a instruir que me dirigisse a um serviço de finanças da área do Ministério para liquidação de umas curtas dezenas de euros que haviam sido “processadas indevidamente”.”Mais se solicita que, depois de efectuada a respectiva liquidação, devolva a estes serviços um exemplar da mesma para que bla bla bla ...”, dizia a carta do Ministério.Só aqui conto dois favores ao Estado.

Mas ninguém diria ao ler a carta. Nem uma só vez se lê “se faz favor” ou “obrigada”.Temos um serviço hediondo, injusto e autoritário que não só tem as costas quentes como também se alimenta avidamente, ora da incapacidade, ora da ignorância do cidadão.

Pessoalmente, gostaria que o serviço público se me dirigisse com educação e sem prepotência. Com que cara é que hei de insistir que a minha filha diga “se faz favor” e “obrigada” quando o Estado raramente se digna a tais preceitos?

"Herrar é umano”, é certo. Mas porque é que eu hei-de andar às voltas e a tratar de expediente administrativo do Estado para corrigir um erro que não é meu? Pois tenho. Porque se não o fizer tenho as finanças à perna e, se calhar, congelam-me o reembolso do IRS, ou bloqueiam-me um pedido de um qualquer subsídio, ou coisa que o valha. Porque sim. Porque têm a faca e o queijo na mão.

Adiante. Porque a ida a uma repartição de finanças nunca é célere e porque a minha vida entre casa, trabalho (fora de Lisboa) e descendência não me dá grande liberdade de horário, deixei este assunto em stand by e decidi esperar por uma fase com mais disponibilidade. Eventualmente até as minhas férias.

O credor tinha expectativa de uma maior prontidão. Menos de um mês depois já estava a receber nova carta. Desta vez já da Direcção Geral de Impostos. O credor, ofendido, foi chamar o irmão mais velho. E a dita carta – uma notificação, para ser mais exacta – obriga-me a proceder, no prazo de 30 dias, à liquidação da horrenda e ofensiva dívida. Da qual, repito, não tenho qualquer culpa.

Ameaça a chefe de finanças: -“Não sendo efectuado o pagamento no prazo indicado, será extraída certidão de relaxe, nos termos do artigo 88º do Código Processo e Procedimento Tributário para que se proceda à cobrança através do processo de execução fiscal”.Eu não sei exactamente o que isto quer dizer, mas “certidão de relaxe” e “execução fiscal” não me parecem nada bem.

Aproveito, no entanto, para responder a este artigo da Lei com outro: diz o artº 267, nº1 da Constituição da República que “a Administração Pública será estruturada de modo a evitar a burocratização, a aproximar os serviços das populações e assegurar a participação dos interessados na gestão efectiva”.Fiquei surpreendida ao ler isto. Acho que ninguém sabe da existência deste pressuposto. É pena.

E, finalmente, para sossegar o espírito claramente alterado do serviço público, aqui fica a minha palavra de honra que vou pagar já nos próximos dias. Juro.

Errrr ... espero acertar nalgum dia em que não estejam em greve.

Mas se o serviço publico me ouvisse, eis o que lhe sugeriria – com a maior das humildades claro está: Se não é possível serem mais eficientes no processamento dos salários – porque estes erros acontecem constantemente, que eu bem sei – então sugiro que coloquem à disposição dos destinatários destas vossas cartas uma referência de multibanco, por exemplo, para efectuar estes acertos. Porque não?Também não vos ficava mal incluírem na correspondência um envelope pré-pago.

Agilizem-se e agilizem os processos. Saiam dos corredores bafientos em que vivem enfiados. Cá fora, ao sol e ao ar livre, está aquilo a que se chama uma economia de mercado. Vejam lá então o que é que podem fazer, se fazem favor, e desculpem a maçada. Obrigada.

Pensamento grávido

A minha paz nocturna foi assolada por um rasgo de genialidade que - para bem da Humanidade - não se repetirá.

Tenho a barriga toda fodida.

Agora, se me permitem, vou voltar para a cama.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Falta de açúcar no sangue

O post anterior era a quebra de tensão a falar. Depois de uns rebuçados, ficou restabelecida a normalidade nesta avantajadíssima massa hormonal.

Logo, estão reunidas as condições para olhar em volta e apreciar as coisas simples que a vida nos proporciona (tom jocoso):

1) Temos uma linda barra de “rabos de saias” aqui em cima, graças ao talento do Tiagão e à minha chantagem emocional. Afinal de contas carrego o filho dele na barriga, caneco!

2) A Kátia está prestes a ter net em casa e poder-se-á juntar a este so far monológo muito em breve. Para os fãs desta miúda voluptuosa e de sorriso rasgado, fica o lembrete que ela está a fazer anos. É já no Sábado.

Vislumbram-se uns laivos cor-de-rosa no horizonte cinzento.

Um dia cinzento


Cores políticas aparte, Portugal acordou hoje pejado de nódoas difíceis. E as mais óbvias têm nomes: Fátima Felgueiras, Isaltino Morais e Valentim Loureiro.

De entre todos os momentos de glória a que ontem assisti na caixinha mágica, elejo o discurso de vitória deste último. Enquanto fungava, agitava freneticamente os braços e praguejava contra os responsáveis pelo não funcionamento do microfone, Valentim Loureiro deixou bem clara a boçalidade do seu projecto para Gondomar.

E o eleitorado – não só o daquela cidade, leia-se – deixou bem claro que abdica da integridade e da ética em prol de resultados “práticos”. O que é mau sinal, porque significa que já se conformou em comprometer alguma coisa. Isso torna o eleitorado pouco exigente consigo próprio e com a classe política.

Eu continuo a acreditar que o que se avança em quilómetros de estrada, regride-se em civismo. E esse é um compromisso que eu jamais subscreverei.

Pessoalmente, sinto-me enganada. Porque o acto eleitoral de ontem foi de tal forma envolvido em tantos e tão veementes apelos à não abstenção que eu cheguei a acreditar que a vida – no meu caso em Lisboa – melhoraria, de facto.

Resta-me o consolo de se ter feito justiça em Lisboa. Depois de governar sob a sombra de Santana Lopes e fazer trabalho de sapa sempre envolto em paternalismos e críticas à sua “falta de carisma”, Carmona tem agora um mandato com direito a assinatura.

Como se o primeiro dia assumidamente invernoso não chegasse, a minha rua amanheceu inundada, já que os varredores há muito que acumulam o lixo das ruas dentro das sarjetas, o que as leva a entupir.

Alheia a estas vicissitudes, a Beatriz foi a única que tirou partido do facto e testou até à exaustão a capacidade impermeável das galochas e do casaco de joaninha. Qual salta-pocinhas, qual quê.

Depois de milhares de decibeis de buzinadelas, intermináveis pára-arrancas e litradas e litradas de esguichos de automóveis indiferentes às poças e aos peões, deixei a salta-pocinnhas na escola.
Ainda tive tempo de parar no banco onde encarei com frieza o gerente que tem na gaveta há meses um pedido meu de reavaliação do meu crédito habitação. Outrora trocávamos larachas e até frequentávamos o mesmo ginásio. Hoje aguardo o momento oportuno para arregaçar as mangas e mudar de banco.

Foi com alívio que saí de Lisboa e encarei a ampla auto-estrada rumo a Oeiras. Mas eis que surge uma loura esvoaçante que se lembrou de repente que era aquela a sua saída e forçou a travagem a fundo de pelo menos seis outros carros, entre os quais o meu.

Fora este um dia de sol e talvez encarasse esta manhã de forma mais bem humorada, mas dadas as condições meteorológicas, tal não é de todo possível. Todavia, não basta bradar aos céus, mandar piropos nas mesas dos cafés e amaldiçoar os políticos.

O varredor não se importa com a qualidade do serviço que presta; o gerente do balcão do banco não quer saber do meu bem estar apesar de ser cliente e a loura acredita que a sua brusca mudança de curso é mais importante que a vida dos que circulam em seu torno. Esta é a dura realidade e enquanto for este o povo que temos, não podemos esperar melhores políticos.

Um pouco por todo o lado, as notícias chegam-nos em forma de metáforas coloridas. Ora é o laranja que avança, ora é o rosa que empalidece. Pela parte que me toca, e por todas as considerações acima tecidas, eu hoje vejo o dia bem cinzento.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Paz no mundo

Esta minha aventura na blogosfera começa bem. Das minhas primeiras 24h no Rabo de Saia surtiram 4 reacções:

- a minha comadre acha que fui desatenta;
- o meu marido acha que fui insensível;
- o colega dele acha que fui parva;
- a minha irmã acha que fui abusiva.

Eu diria que o saldo é nitidamente positivo. Não?

Na certeza de que o meu tom jocoso está para ficar e não querendo de todo rebater estas acusações, não posso deixar de explicar que:

- as qualidades da minha comadre são de tal forma esmagadoras que nada do que eu possa dizer lhe faz justiça;
- o poema “as flores” foi escrito pelo meu marido quando estava na primária pelo que a sua singeleza é perfeitamente compreensível;
- as achegas do Ry são muito bem vindas e, apesar de não parecer (segundo me disseram), o agradecimento é sincero;
- a minha irmã não é maluca, é apenas desequilibrada.

Estas retracções não fazem o meu género mas, em prol da paz no mundo e sob ameaça de maus tratos corporais por parte do engenheiro que paga as contas lá em casa, aqui ficam.

Isto no dia em que o Prémio Nobel da Paz 2005 foi atribuído a Mohamed ElBaradei, que dirige a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), pelo trabalho desenvolvido no controlo da proliferação das armas nucleares.

Por este andar o prémio de 2006 é meu. Bem hajas Mohamed.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Sentida homenagem ao Ry

Isto parece a saga dos mortos vivos. Mas tiraram todos o dia para me sarnar a paciência? Já uma gaja não pode chegar ao estrelato que aparecem logo não sei quantos “amigos” de quem nunca ouviu falar.

Agora até um tal de Ry reclama uma referência neste blog. Parece que é colega do Tiago e tal e contribuiu com umas dicas sobre um contador e outras cenas de engenheiros, geeks e afins.

É nestas alturas que eu gostava de ser mais como a minha irmã. Assume-se como maluca e corre tudo à chapada. Vou portanto citar uma frase dela quando, numa tarde de trânsito intenso em Lisboa, um agente da autoridade ousou perturbar a sua pacata insanidade:

DE QUE RAIO DE SARJETA É QUE VC ME SAIU A UMA HORA DESTAS?

The special one

Pronto, já cá faltava a birra da comadre. Achou mal não ter falado dela no primeiro post.

Eu tenho um marido, uma filha, um projecto de mais uma, um cão, uma gata e uma tartaruga. Todos um cu de mimo. Todos lá em casa. Agora ainda tenho de aturar as birras desta tipa.

- Primeiros, se tens alguma coisa a dizer, posta ou comenta a posta.
- Segundos, estou já a tratar de um perfil em que terei oportunidade de te besuntar de graxa convenientemente.
- Terceiros, começas armada em gajo e esta nossa aliança acaba antes ainda de começar.

Agora, a pedido de muitas familias: And now ladies and gentlemen, give a warm round of appaluses to the one and only KATIAAAAAAAA

Haja paciência. Olha, comadre, só não te desafio para uma luta na lama porque depois os jornais diriam que tinha sido tudo encenado para aumentar as audiências. Tu bem sabes como é essa corja da TV.

Pé direito

O meu pé direito é ligeiramente mais gordinho que o outro. Tem uma cicatriz bem a meio do peito do pé e o dedinho pequenino costuma ficar por baixo do do lado.

Ultimamente não anda tão lavadinho quanto seria desejável. Uma farta barriga de 6 meses de gravidez atrapalha um contacto regular da esponja do banho com essa longínqua extremidade do corpo. Tiagoooooooo

Adiante. Não sou supersticiosa, mas pelo sim pelo não, é com o meu pé direito que quero aqui entrar primeiro.

A minha comadre e eu vamos aqui degladiar ideias, despejar frustrações, perfilar criticas tão acutilantes quanto possível, mas, sobretudo, trocar galhardetes, que é o motor de uma mente sã. Ou nem por isso.

Aos amigos, aos fãs e aos que aqui aterrem – atraídos pelo nosso inegável magnetismo – pede-se nada menos do que o que oferecemos. Evitem as críticas porque eu lido mal com elas.

Não vamos aqui falar de tudo. Não vou poder dizer que os meus pais dão comigo em doida, que a minha sogra é uma mãe galinha ou que o meu chefe está sempre a olhar para o meu decote. Muito menos poderei explanar sobre as minhas aventuras extraconjugais ou preferências políticas. A não ser que me descaia. Eu tendo a falar de mais.

Rabo de saia tem um backoffice. Há que dizê-lo.

O suporte técnico está a cargo do Tiago, o responsável pela falta de higiene do dito pé. Vou fazer de tudo para que nunca aqui escreva uma palavra porque a única coisa que li dele reza assim:

As flores
As flores são muito bonitas
Eu gosto muito das flores


Já o suporte emocional está nas mãos no André, companheiro da Kátia. Ambos dão um contributo inestimável e são óptimos rapazes. Excepto quando bebem e começam a falar alto e a achar que mandam.

Há quem escreva para impressionar, há quem escreva para ganhar dinheiro. Eu escrevo porque se não escrever definho. Bem, na verdade, se impressionar ou ganhar dinheiro com isso tanto melhor.

E, posto isto, (já cá faltava a piada fácil) ... um brinde! A uma longa e proveitosa viagem juntos pela blogoesfera. Bottoms up!