Rabo de Saia

Os factos aqui contidos são reais e qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência.

 

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Eu levo a mal

O medo de levar com um ovo na cabeça - até porque ainda ontem fui ao cabeleireiro - é uma das razões que me levaram a acompanhar o carnaval a partir de casa, frente à TV, enroscada num sofá, muito quentinha. O facto de detestar o carnaval também contribuiu.

Note-se que eu sou toda a favor de fatiotas ousadas e poucas vergonhas na via pública. Desse ponto de vista o carnaval é até uma iniciativa muito louvável. E num país onde 8% da população está desempregada, é importante animar a malta. O outro já dizia: -"Não tens trabalho? Faz comá mim. Dá-te à paródia."

Mas, comparando com as boazonas das brasileiras, assistir ao desfile de atentados à estética - entre barrigas de cerveja, braços amolecidos pelos rojões e nádegas esburacadas pela celulite - é constrangedor.

Ora, entre os vários canais televisivos, acompanhei os foliões por todo este Portugal, desde a Mealhada a Loulé, passando por Torres Vedras e Sesimbra e estou à vontade para dizer que todos estes locais apresentavam duas características em comum. Primeiro: o mau gosto. Segundo: o frio.

O mau gosto ainda vá que não vá. Agora o frio. Pela televisão, o aspecto solarengo do dia ainda poderia enganar alguns. Mas a mim não, telespectadora atenta. Os mamilos arrepiados das luso brasileiras e os anoraks dos que assistiam não mentem. Estava frio.

Devia ser proibido fazer desfiles de carnaval com temperaturas abaixo dos tantos graus. Isso sim seria uma medida conjuntural importante para ó Conselho de Ministros. Mas aqueles tipos só pensam no sacana do défice.
Já agora podiam acrescentar mais uma clásula a essa lei: "Quem come rojões não pode desfilar". Fica a sugestão.

De todo o modo, e de entre muitos momentos de pura decadência que o dia nos presenciou, decidi destacar dois:

Gripe do PitoNa Mealhada, esta menina seguia num carro alegórico com um cartaz que rezava "Queres Pito? Come este que não tem gripe". Belo momento de sátira política.
Alberto João no seu melhorNa Madeira, Alberto João Jardim decidiu mais uma vez não desfilar. Questionado por um jornalista sobre se a sua presença não faria falta para animar, o Presidente do Governo Regional, muito compostinho entre a multidão, responde: -"Não faz mal. Eu já animo a malta o resto ano todo." Na mouche.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Vá pelos seus dedos

Não sei se é um daqueles casos de em que um tipo, no meio do deserto, sedento, começa a ver oásis, a delirar. Miragem ou não, ultimamente tenho-me debruçado um pouco mais sobre o tema da masturbação e deparo-me com uma surpreendente conclusão: é que não tenho nada a dizer sobre o assunto. Na verdade, acho que é cada um por si e “entre marido e mulher e os seus respectivos dildos, não se deve meter a colher.” Nem nada, por assim dizer.

Mas lembrei-me que, se tivesse algo de interessante para dizer sobre a masturbação, este seria um título genial. E isso é que interessa. Veja-se o exemplo d’O Independente.

E foj preciso um longo período de jejum para chegar a esta brilhante conclusão. Nisso os muçulmanos é que têm razão. Também não podem ser uns cepos em tudo. É que, tal como no Ramadão, é preciso abdicar de uma determinada prática para sobre ela reflectir.

Além do mais, face à actual depressão económica, ao actual cenário político e à vitória de ontem do Benfica, falar de punhetas é inevitável.

Também começo a entender melhor o que o meu pai queria dizer com a sua máxima: “Se queres algo bem feio, fá-lo tu mesma.” Não quero com isto dizer que não conheça quem faça um trabalhinho bem feito mas não me vou explanar sobre o assunto por que ainda há pouco prometi que nada tinha a dizer sobre o assunto.

“Vá pelos seus dedos”. Este slogan das Páginas Amarelas ganha assim um novo sentido e, por um lado, percebe-se finalmente o porquê da Maria João Bastos no anúncio mas deixa em aberto uma possível versão direccionada para o público feminino. Um George Clooney, um Fernando Lima ou um outro qualquer sex symbol.

Prova ainda que, de facto, as Páginas Amarelas estão bastante demodées. É que, em boa verdade, hoje em dia, celibatários, engenheiros informáticos, feiosos, convalescentes pós parto e outros esfomeados têm à sua disposição uma vasta gama de acessórios que torna facultativa a utilização dos dedos. “Vá pelos seus dedos”? Meus Senhores, há que repensar este slogan.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Bebés, velhinhos e lares com vista sobre o mar


A pedido de muitas famílias, e passado este – não tão piqueno – interregno, regresso aqui muito envergonhada por esta inexplicada ausência. Não foi a vitória do Cavaco que me deixou sem palavras, embora essa também fosse uma explicação possível.

Na verdade, no passado dia 19 de Janeiro deixaram-me – literalmente falando – com um bebé nos braços. Acontece que, nestas ocasiões, e incompreensivelmente, uma gaja acaba sempre por ficar incomunicável e sem qualquer disponibilidade, seja para o que for.

É um fenómeno que muitos criticam e que eu própria tento combater mas que é inevitável. Senão vejamos, uma gaja:

- não dorme convenientemente;
- amamenta de 3 em 3 horas;
- na sequência da anterior não pode comer doces nem beber alcóol;
- fica gorda que nem um texugo e muitas vezes com incomodativas cicatrizes;
- recebe visitas constantes, algumas delas de pessoas de quem nem gosta;
- é proibida de todo o tipo de convívio íntimo, deboches e afins;

Ora, uma gaja não é de ferro. Mas acima de tudo a culpa é nossa. Das gajas. Porque tentamos fazer parecer que temos tudo absolutamente sob controlo. E há que admitir:

- muitas das vezes não fazemos puto ideia porque é que a criança está a chorar;
- frequentemente – normalmente a meio da noite – questionamo-nos se terá sido realmente uma boa ideia;
- deixamos o cotão acumular-se nos cantos e a roupa acumular-se no cesto da roupa suja;
- damos por nós a ser digamos que, desagradáveis, com os pais destes adoráveis bebés, que muitas vezes nem merecem porque até se prestaram à humilhação de comprar a FHM e a Maxmen para nos trazer à maternidade;

Por tudo isto, é quase incompreensível que as gajas se continuem a prestar a este papel. E no meu caso é particularmente grave porque eu já sabia. Esta é a minha segunda filha. Há umas teorias sobre como tem tudo a ver com as hormonas e com a necessidade de continuar a espécie e por aí fora.

Para mim só há uma explicação: nós damo-nos a todo este trabalho na esperança que os nossos filhos enriqueçam e nos comprem uma ‘bruta vivenda’ na Marisol ou nos proporcionem passar a velhice num daqueles condomínios para seniores do Grupo José de Mello (eu já vi um no Parque das Nações e outro na Marginal). Joaninha, se leres a mãe um dia mais tarde, eu estou mais virada para o da Marginal.