Rabo de Saia

Os factos aqui contidos são reais e qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência.

 

quarta-feira, outubro 19, 2005

INPUTas - Conversa de velha

cerveja faz barrigaConversa de velha
Por Carla Bernardino

Sinto-me envelhecer a uma velocidade estonteante e só tenho 26 anos. Isto é perigosíssimo porque, por um lado, falta-me o vigor e preciso de mais tempo de férias. Por outro, cansa-me pensar (só pensar) sobre os anos que ainda têm de passar por mim. As horas que ainda vão ter que percorrer o meu corpo, as manhãs que vou ter que enfrentar…

Ontem decidi ir para os copos com um amigo que já não via há muito. A conversa foi muito agradável e as três bohemias também. Até achei graça ao facto de me deitar às cinco da manhã. Estava era longe de imaginar o dia seguinte.

Embora não estivesse com dores de cabeça, tive sérios problemas em alinhar pensamentos matinais simples como toalha – chinelos – banho – roupa interior. Foi um drama fazer disso uma sequência (que costumava existir). Da maneira que estava esta manhã, acredito que me terei esquecido de lavar a parte de trás das orelhas enquanto estava no banho.

Horas depois continuava a tentar alinhar pensamentos e eles brotavam dispersos e sem nexo.

Mas o drama da velhice não termina por aqui. Senti as pernas fraquejar ante o grande desafio de subir três míseras escadas… senti cãibras nos dedos só de pensar no trabalho que tinha para fazer… até falta de apetite tinha. É uma ressaca, não tenho dúvidas. Mas de quê? Álcool? Por causa de três bohémias?

Eu devia ter percebido ontem à noite que estava a caminhar a passos largos para o envelhecimento insalubre. Durante a conversa tive até uma dica muito relevante, à qual não atribuí grande crédito. Em conversa com o meu amigo, identifiquei em mim um preconceito. Até podiam ser cabelos brancos, rugas de expressão, mas preconceito?! Já não há dúvidas. O diagnóstico é mesmo esse: velhice precoce…

Snif… se pelo menos esta decadência física se fizesse acompanhar da sabedoria típica dos anciãos.

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