Rabo de Saia

Os factos aqui contidos são reais e qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência.

 

sábado, dezembro 31, 2005

Fecho para balanço

É chegada a altura de analisar mais um ano e, com base nas conclusões, estabelecer objectivos para o ano que vem.

O que fiz de louvável:
- Deixei de fumar
- Casei contribuindo para amenizar as estatísticas alarmantes dos divórcios em Portugal.
- Fiz uma filha que contribuirá para engrossar o caudal de gente gira neste mundo de “porcos, feios e maus”
- Fiquei desempregada, o que prova que não encaixo neste esquema, o que me parece só abona a meu favor.

O que fiz de menos louvável:
- Trabalhei para o Governo
- Troquei os preços numas cintas para grávidas
- Cedi à tentação de permitir que a “minha mais velha” visse os Morangos com Açúcar” diariamente
- Também a deixei ir ao concerto dos D’ZRT

Para 2006:
- continuar sem fumar;
- tratar melhor o meu cão apesar das mijas que ele manda nas pranchas do Tiagão;
- arranjar um emprego respeitável, com contrato, horário das 9h às 17h, ou seja, na função pública.

Até já amigos!

sábado, dezembro 24, 2005

Carta ao menino Jesus

Querido menino Jesus,
À semelhança dos outros anos, 2005 não foi lá grande exemplo de bom comportamento. Mas, como pedir não custa e a cara de pau é sempre a melhor política – pelo que vejo por aí – atrevo-me a pedir que concretizes alguns desejos.

A lista de prendas seria longa e penosa, pelo que aqui deixo apenas alguns desejos que, creio, aliados ao desaparecimento do Sócrates numa expedição no Quénia, tornariam este um País muito melhor. A saber:

1) a erradicação dos Pais Natais pendurados nas janelas e varandas.

2) a proibição de fatos ridículos de lantejoulas nos espectáculos circenses.

3) a aplicação da pena de morte às enfermeiras e auxiliares de saúde que mostrarem trombas às grávidas com contracções.

4) a legalização das apostas no Betandwin, de preferência acrescentando-lhe uma vertente pornográfica.

5) a diminuição radical da idade da reforma dos funcionários públicos, que seriam submetidos à aplicação da vacina da raiva.

Admito que no momento em que te escrevo esta carta já prevariquei. Na verdade já fui abrindo uns presentes que me foram oferecendo, entre os quais saliento uma camisa de dormir da hello kitty cujo corte minimalista e fitinhas de baby doll a tornam pouco apropriada para o meu actual avançado estado de decomposição.

De todo o modo, se me ouvires prometo:

- deitar fora os brinquedos perversos que tenho na mesa-de-cabeceira
- nunca mais riscar os carros que estacionam em frente à minha porta
- deixar crescer os pelos púbicos como uma mulher normal e respeitável
- não embirrar mais com o Tiagão quando ele vai ao futebol e aos ensaios da banda
- nunca mais gozar com as gajas mal vestidas que passam por mim na rua

Mais uma vez deixa-me reiterar que bem sei que não serei nenhum exemplo de candura mas, meu menino Jesus, bem vistas as coisas, e comparando com os nossos presidentes das câmaras, empresários e presidentes de clubes de futebol, se eu não tiver direito a prendas, quem terá?

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Viva o espírito natalício

Shake it babyEm plena época natalícia, é com gosto que olho em redor e vejo que o espírito não está morto. Muito pelo contrário. É só olhar para o movimento nos corredores do Colombo ou para o estrato da minha conta bancária para ver claramente que o Natal ainda mexe. Ó se mexe.

E apenas alguns do longo rol de momentos que mais aprecio a cada Natal – e que não posso deixar de sublinhar pela sua nobreza – são:

- a Maria Barroso a defender os direitos das criancinhas com unhas e dentes;
- os jogadores de bola e outros baluartes da caridade a dar a cara pelas mais variadas campanhas de solidariedade social;
- os mil e um desejos de “Boas Festas” com assinaturas carimbadas por atarefadas secretárias e assistentes;
- as ante estreias de filmes de Natal onde comparecem religiosamente todos os filhos de todos os ilustres que, de outra forma, nem poderiam aceder a tais prazeres.

Regozijo com todos estes momentos e não posso deixar de me emocionar com a sua importância. Imaginem em que raio de mundo viveríamos se passássemos o ano inteiro sem tais gestos de humanidade?

O Natal é, de facto, uma época em que as fantasias se tornam realidade. A minha, por exemplo, passa por uma fatiota muito reduzida de Pai Natal.

Como diz que disse? Eleições?

RAP à presidênciaTenho ouvido dizer pelos cafés, supermercados, lojas e outros locais que as dondocas frequentam na lufa lufa do seu dia-a-dia que vamos mudar de Presidente da República em breve. Pelo tom grave dos comentários, tratar-se-á de um importante assunto de Estado.

Com tanta coisa para arrumar nesta gigantesca casa com vista para o mar e tudo, alguém me explica porque é que só se ouve o Cavaco Silva, o Mário Soares, o Manuel Alegre e o Francisco Louça a falar na televisão? E que fixação é esta com um tal de Alberto João?

Eu não saberia porque, nos dias que correm, a minha área é mais a puericultura, a culinária e outras tantas actividades, essas sim, dignas de honras de Estado. De todo o modo, e como claramente frequento este mundo com mais assiduidade que os políticos, sinto-me na obrigação moral de fazer umas sugestões:

1) Invistam na investigação tecnológica. Que tal um gel para as ecografias que não seja frio? Ou um remédio para a varicela em spray?

2) Reinstalem a dignidade nos meios de comunicação social. Quem é que disse à Constança Cunha e Sá que sabe alguma coisa de Política?

3) Fomentem a criação nacional (não estou a falar das telenovelas da TVI, claramente). Qual foi a ideia de encherem a programação da 2 com séries espanholas de gosto muitíssimo duvidoso?

4) Restaurem a confiança dos investidores na economia nacional. O melhor mesmo é deitar abaixo e voltar a fazer tudo de novo.

Pela parte que me toca, continuo à espera das candidaturas de um Ricardo Araújo Pereira ou um António Pedro Vasconcelos. Até lá, eu é mesmo mais bolos.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Quem quer casar com a Carochinha?

Esta Senhora não trabalhaEm contagem decrescente para o nascimento da Joaninha, têm os afazeres domésticos consumido a maior parte do meu tempo. E “consumir” não é um exagero.

Esta tem sido, aliás, uma oportunidade de ouro para testar a minha capacidade de ser uma “mãe de família” a tempo inteiro.

Ainda não cheguei a nenhuma conclusão quanto à minha vocação, mas uma coisa é certa: não é tão fácil quanto possa parecer. Senão vejamos, aprendi da pior maneira que:

- a graxa dos sapatos e o esfregão de arear deixam as unhas encardidas durante dias;
- faz toda a diferença num bolo bater as claras em castelo;
- a tinta dos móveis deve ser impermeabilizada senão mancha e é impossível de limpar o pó;
- o leite condensado deve cozer muuuuuuuuuuuuuito bem para resultar em baba de camelo em vez de mijo de camelo.;
- se passada a ferro, uma toalha turca fica mais fofinha ao toque.;
- as precisões meteorológicas nem sempre estão acertadas pelo que é bom estar sempre de olho na roupa que está no estendal;
- a partir de uma certa idade, os filhos já não encaram positivamente a ideia de “rever” diariamente a matéria que foi dada na escola.

E por aí fora. O que o break even de uma empresa ou o prazo de entrega de um texto perante estes desafios? Hein?

E se estás a pensar em alistar-te, deixa-me alertar-te para duas desvantagens da vida caseira: uma dona de casa tem de lidar com os olhares de esguelha de quem acha que tratar da família a tempo inteiro é uma função menor e tem de depender financeiramente de outrem.

Nada que um bocadinho de falta de diplomacia e imaginação não resolvam. É mandar os primeiros para a puta que os pariu. E usar os pedidos de dinheiro para trocas de favores sexuais, que tanto contribuem para apimentar a vida íntima de um casal.

Agora, se me permitem, vou estender mais uma máquina de roupa. Cá para mim vou ter de arranjar um emprego para ver se descanso alguma coisa.